domingo, 3 de junho de 2012

E se o seu tênis nascesse e crescesse?

A sociedade em que vivemos está reinventando-se constantemente. Hoje, padrões comportamentais tomados como éticos diferem muito daqueles adotados há anos atrás, pois a dinâmica social se modifica e, com ela, nossa maneira de pensar o mundo.
Se voltarmos no tempo, por exemplo, utilizar peles de animais ou materiais de fontes não-renováveis não era preocupação de ninguém, e hoje a discussão torna-se cada vez mais acirrada. O que acontece é que, com o avanço da ciência, o homem descobriu novas formas de manipular a natureza a seu bel-prazer, e a pergunta que não quer calar é: até que ponto isso é aceitável?
É o caso da marca Rayfish, que está confeccionando tênis a partir da pele de arraias geneticamente modificadas. 


A marca diz estar em operação por mais de uma década, criando arraias em suas instalações na Tailândia. Em 2011, conseguiram projetar a a "primeira arraia inteiramente bio-customizada", modificando o seu DNA para combinar cores e texturas, que hoje originam itens únicos, chegando a custar mais de 3 mil reais.
Segundo o site, os tênis são desenvolvidos a partir do princípio "um peixe, um sapato", e o processo de produção patenteado combina a sabedoria antiga com técnicas de ponta, para criar um produto fashion e sustentável.

Tênis de couro de arraia, você usaria?

Partindo do slogan 'Grow your own sneaker', o consumidor pode entrar no site e montar o seu próprio calçado, combinando as estampas disponíveis, e assim, quando a arraia estiver no tamanho correto, eles a transformam em um par de tênis único. Para a Rayfish, após a produção em massa, vem a customização em massa, e a bio-personalização é o próximo passo. Polêmicos, não?
Parece que a transformação genética é realmente o zeitgeist do momento, e fica impossível não lembrar do futurismo orgânico, que já citamos aqui no blog: chegamos ao tão esperado futuro, onde o homem é um semideus, capaz de modificar tudo a sua volta de acordo com suas vontades. Por fim, cabe observar que os tênis são sim, bonitos, e a proposta de customização não deixa de ser interessante. Porém, existe realmente a necessidade de modificar geneticamente um animal para isso?
Para Juliana Brondizio Portela, estudante de moda e parte da equipe do RaveShot, além de desnecessário, é um absurdo, pois com os avanços na área da tecnologia têxtil e engenharia de materiais, algo semelhante poderia ser feito, sem precisar das arraias em questão. Quem partilha da mesma opinião é a estudante de medicina, Francine Berlesi: segundo ela, a prática é futil e desrespeita a vida, pois é ambíguo lutarmos por causas ambientais ao mesmo tempo em que matamos animais raros por uma estampa. Já Lidiane Almeida, estudante de Jornalismo, considera desnecessário, porém acha que a consciência deveria ser tomada por parte dos fabricantes da marca, cabendo ao consumidor o livre arbítrio. A favor da Rayfish, temos Rafael Cizeski Nitchai, estudante de matemática, nerd e apaixonado pela ciência, que considera uma hipocrisia defender as arraias, uma vez que elas são criadas para esse propósito, não se tratando, assim, da caça a um animal selvagem. 



Agora queremos saber, o que você acha dessa história toda? Usaria um tênis assim?  Conta a sua opinião pra gente! Garanto que ainda vamos
 ouvir falar muito da Rayfish por aí.


1 comentários:

  1. Que coisa louca! HAHA Ótimo post, gostei demais dessa notícia. Muito bom mesmo, mas acho que não usaria um tênis desses.

    Parabéns, Meninas! (:

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